domingo, dezembro 8, 2024
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Escritora Márcia Kambeba é homenageada pelo boi Caprichoso

A professora, escritora, poeta e compositora indígena Márcia Kambeba pela primeira vez esteve em Parintins e foi homenageada pelo boi-bumbá Caprichoso durante a tarde alegre infantil realizada na tarde deste domingo (26) no curral Zeca Xibelão.

O Conselho de Arte a presenteou com lembranças do boi Negro da Amazônia. Ela se emocionou com o bumbá evoluindo ao som da toada “Brasil, Terra Indígena”.

Márcia Kambeba destacou a importância da luta do Boi Caprichoso pelos povos originários é citou como referência as toadas como Vale do Javari de Ronaldo Barbosa que também foi tocada no curral. “É uma honra receber esse presente de vocês e agradecer porque eu sinto que cada vez mais o boi trabalha uma toada decolonial. Quando a gente traz nas letras como de Ronaldo Barbosa sobre o meu povo Omágua e a gente sente que tem história e que tem o cunho historiográfico como a toada que fala do Vale do Javari”, destacou.

Para o presidente do Conselho de Arte, Ericky Nakanome é um momento de muita alegria receber pessoas que acompanham, entram e participam da luta do boi Caprichoso. “O nosso canto atua além da arte, hoje é representatividade, então ver a fala dela reconhecendo a luta do Boi Caprichoso e citando Vale do Javari que é do início dos anos 90 só nos enche de orgulho e a certeza do caminho”, destaca.

Márcia foi aplaudida pela nação azul e branca e se despediu do Curral azulado declamando a poesia de sua autoria “Índio eu não sou”.

Não me chame de “índio” porque

Esse nome nunca me pertenceu

Nem como apelido quero levar

Um erro que Colombo cometeu.

Por um erro de rota

Colombo em meu solo desembarcou

E no desejo de às Índias chegar

Com o nome de “índio” me apelidou.

Esse nome me traz muita dor

Uma bala em meu peito transpassou

Meu grito na mata ecoou

Meu sangue na terra jorrou.

Chegou tarde, eu já estava aqui

Caravela aportou bem ali

Eu vi “homem branco” subir

Na minha Uka me escondi.

Ele veio sem permissão

Com a cruz e a espada na mão

Nos seus olhos, uma missão

Dizimar para a civilização.

“Índio” eu não sou.

Sou Kambeba, sou Tembé

Sou kokama, sou Sataré

Sou Guarani, sou Arawaté

Sou tikuna, sou Suruí

Sou Tupinambá, sou Pataxó

Sou Terena, sou Tukano

Resisto com raça e fé

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